Hoje encontrei um amigo da época da infância. Ele é jornalista de uma emissora local e tem um cargo ancora de reportagens. Não éramos realmente próximos mas tínhamos uma grande amiga em comum.
Enquanto fazíamos ginástica num sábado a tarde, jogamos um tanto de conversa fora.
Perguntou se casei, disse que não. Perguntou da minha irmã - disse que casou e separou em 3 anos. Ele me disse: eu também, casei e separei em 3 anos - nessa semana entrevistei uma psicóloga que disse que hoje a crise é de 3 anos - com um tom que fazia acreditar que a validade de uma relação nos dias de hoje está "fadada" a isso. Quem é essa psicóloga e pior: por quê ele tomou isso como verdade?
Para amenizar eu disse: "bem, somos de uma geração criada para trabalhar, mais do que se relacionar: estimulada a criar e se criar na profissão - e um relacionamento exige que estejamos dispostos a abrir mão de uma série de coisas da vida individual para ter uma vida de casal..." ele me interrompeu: "nada... imagina: você TEM QUE TER A SUA VIDA - e não fomos criados pro trabalho, fomos criados prá consumo - e para consumir temos que fazer dinheiro". Bem, prá mim ficou claro que fomos criados e educados para diferentes fins... E aí perguntou: "você não se animou a casar depois daquele namorado que morria de amores?" Eu respondi: "ah! Não é todo dia que nos apaixonamos..." ele me interrompeu e disse "mas uma relação não é feita disso... você precisa construir muita coisa..." eu interrompi: "é, mas eu sou incuravelmente romantica, e espero um dia ficar junto e construir uma história por alguém que o meu coração pulse mais forte... porquê de água fria e vida morna o mundo é cheio não é verdade?" - ele se irritou e me deixou falando sozinha. Ok...
O mundo é feito de pessoas assim: que não sabem e nem querem aprender a dividir. Isso é egoísmo e isso mata as relações. Mas então melhor acreditar que "hoje" - as coisas são assim - 3 anos é o prazo de validade, afinal, se tiver que pensar que tem a ver com você e com a sua escolha de parceiro vai dar muito trabalho...
Fiquei pensando, quando era criança pensei em ser jornalista para poder tocar as pessoas com as minhas palavras e talvez, poder mudar o mundo assim. Fico feliz que não tenha estudado prá isso. Não queria ser alguém que dá notícias e não se importa mais: nem consigo, nem com os outros. E que acabou só por não saber dividir - abrir mão - e ainda assim, afirma que "hoje a crise acontece aos 3 anos" em tom de manchete para uma conhecida de infância.
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