sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

sobre a mulher, a prostituição, suas variantes e seu salário...

Adoro ir na casa da minha tia - e ficar com ela e a filha numa conversa sem fim - com muito café, muita coca-cola e cigarro. Sentamos numa mesa redonda e falamos de como estão nossas vidas, de como é nosso trabalho, de como vemos o mundo - o de verdade e o da redes sociais - e rimos e choramos a bessa na solidariedade de mulheres que sentem apoio moral uma nas outras. Acredito que a troca de afeto do ouvir conta muito mais do que a conversa fora que jogamos, mas ainda assim, é um programa que eu adoro, e por isso, me extendo nele e demoro a voltar.
Venho embora de taxi. Então nesta quarta-feira peguei um taxi as 03h26 da madrugada. E no percurso prá minha casa o telefone do taxista tocou: uma mulher falava muito alto e perguntava quando ele ía busca-la - ele respondeu "estou indo levar uma cliente e depois lhe pego como o combinado as 04 horas" e desligou.
Eu não me contive na curiosidade: "a patroa?" ele respondeu "não uma cliente" eu insisti "a essa hora... puta?" ele respondeu "vou buscar ela na Boate X toda quarta-feira, esse horário... deve ser né?" eu disse "bem, é você  que vai buscar, fiquei curiosa: como é?" ele disse "bem, ela é uma moça linda - e eu pego ela de dia também: sabe... naquela loja de presentes lá da rua tal: ela é gerente... de dia é uma educação que não acaba - mas de noite, tem dias como hoje que parece uma maluca. Mas eu não julgo ela tem um filho e sustenta a mãe - e na noite ela ganha por dia de 2 a 5 mil: mais do que ela mesma tira no mês. Mas fico intrigado porquê esse dinheiro dela não dura -  nunca dá prá nada, parece até que dinheiro sujo não presta, a senhora não acha?" - concordei, cheguei a meu destino, paguei a corrida e desci do carro.
Cheguei em casa pensando entre 2 e 5 mil é o que eu ganho trabalhando de segunda a sábado: ralando muito - esticando o dinheiro para pagar as contas e me pagar uns mimo, essa minha prima e essa minha tia - também: nos encontramos prá conversar - e lamentar que estamos solteiras - e quebrar a cabeça sobre o por quê é difícil que um homem se interesse por mulheres que trabalham e parecem ser inteligentes. Por quê? Você poderia dizer: elas devem ser feias, ou gordas ou ou ou... não - são mulheres normais: magras, bonitas e até inteligentes. Mas aprendi que não é bonito nem modesto afirmar: sou linda, inteligente e trabalhadora e na minha família as mulheres são assim: lindas, inteligentes, trabalhadoras e se empenham em não mostrar - pois não seria modesto nem elegante.
Enfim: dizem que isto assusta os homens: deve assustar: pois eu, minha tia e minha prima - mulheres de 3 gerações distintas estavamos acompanhando uma a outra enquanto MUITOS HOMENS estavam acompanhando essa mulher que estava numa boate e iria prá casa no mesmo taxi que eu.
Essa prostituta também tem família. Tem dois trabalhos. O trabalho dela como gerente não permite que sustente ela, o filho e a mãe - ela sai dançar numa boate onde se prostitui e ganha duas vezes o salário em uma noite. E está sozinha.
Conheço outras mulheres - que diferente dela - se casam e separadas ou não: arrancam o dinheiro do próprio marido e se divertem transando de graça em noitadas muito mais animadas do que a dessas dançarinas de boate - ditas as profissionais do sexo.
Fiz um texto falando dos dois tipos de mulheres - as santas e as putas. Onde as santas se martirizam e as putas se divertem. É literal: mesmo uma prostituta pode ser uma santa, e mesmo uma mãe de família pode ser uma vadia.
O que me pergunto é porquê tantas mulheres honestas, bonitas, que trabalham e tem o seu dinheiro estão sozinhas. Por quê os homens de hoje - do ano de 2013 ainda procuram a prostituição. Por quê esses mesmos homens - ou outros escolhem o homossexualismo. Por quê apesar de tanta tecnologia no mundo a moral do homem hoje é tão execrável?
Digo tudo isso porquê acredito no amor, no desejo e na fidelidade. Acredito que apesar de estarmos num mundo onde o ser humano se apresenta como um animal - ainda aja espaço pro romance e pros românticos - mesmo que o preço disso, seja discutir com outras mulheres a possibilidade de um homem integro e de valores existir, na mesa da cozinha com outras mulheres: como se fosse uma possibilidade de uma descoberta remota de ciência avançada: encontrar alguém especial para dividir essas madrugadas. E que não seja na cozinha, nem na boate nem num beco sem saída.
Neste nosso mundo ainda deve haver gente que seja gente e encare uma relação com padrões de civilização.
Que as mulheres não precisem ser santas ou heroínas onde o sexo esteja longe de suas vidas, negando a possibilidade de dividirem o que tem de mais íntimo que é o corpo. Que as mulheres tenham dignidade. Que as mulheres saibam de sua beleza e possam sabe-la em seu favor, sem tanta humildade nem tanto orgulho, na medida certa. Que as mulheres possam trabalhar pois precisam ter uma produção no mundo que não seja apenas seus filhos - para que ela mesma possa deixar que seus filhos cresçam e vão para o mundo tranquilos: viver suas próprias vidas. Que as mulheres saibam que um homem é um companheiro e não um rival, e nada a mais que um diferente que completa e enriquece a vida. Que as mulheres passem valores de vida e amor para os seus filhos, para que cresçam humanos e constituam novas famílias para que o mundo mude, para que o mundo cresça pois só os seres humanos falam e transmitem o que vivem...

Que as mulheres não precisem ser prostitutas para oferecer o próprio sexo onde apenas o orifício do próprio corpo possa interessar a outros homens negando a possibilidade de dividir o que tem de mais íntimo que é o corpo: porquê quem oferece é a uso - e então não sobra mais que um objeto. Que as mulheres não se aviltem pois está na mulher o princípio da vida - e um ser humano criado do nada pode ser um nada que voltará a isso. Que as palavras tenham o valor de prece e mudem o mundo, porquê o mundo precisa de mudanças, e quem faz as mudanças somos nós mesmo - com nossas palavras, nossos sonhos, nossas atitudes e nossas relações: que compõem o cenário em que vivemos.


Que as mulheres possam ter um homem - um companheiro - para dividir a vida e tudo o que existe de mais íntimo como o próprio corpo - numa relação de amor, equilibrio, bondade, evolução: pois isso gera a vida: os bebês e a continuidade da civilização. Para que o mundo seja mais mundo e as pessoas sejam mais gente. E para que nesse cenário onde existe respeito e vida: todos possamos ser mais felizes. Pois ser feliz é estar em paz e isso começa em cada um, em cada dois, em cada família e prá frente.

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